segunda-feira, 17 de outubro de 2016

Enquanto a indústria encolhe, farmácias crescem 12,25%

A indústria teve o pior primeiro semestre desde 2009, com queda de 9,1% no faturamento. Só até o meio do ano, o comércio acumula perdas de 6,7%, o resultado mais baixo desde 2001. Em meio a números tão desanimadores, ainda há quem cresça na crise. São aqueles que produzem itens que não dá para simplesmente deixar de comprar, como as farmácias. Na contramão dos recordes negativos, esse setor acumula um crescimento de dois dígitos.

De acordo com a Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias (Abrafarma), as vendas cresceram 12,25% até agosto. Foram R$ 25,9 bilhões, contra R$ 23 bilhões nos primeiros oito meses de 2015. Segundo o presidente da Abrafarma, Sérgio Mena Barreto, o segredo é gerenciar bem. “Esse é um negócio de baixíssima margem, assim a gestão tem de estar muito bem ajustada para não dar prejuízo. O varejo anda sempre no fio da navalha, por assim dizer”, destaca.

Na visão da economista da Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL-BH) Ana Paula Bastos, a justificativa está no fato de medicamentos serem um gênero de primeira necessidade. “Não dá para simplesmente parar de comprar medicamentos”, ressalta.

Dos oito ramos de atividades medidos pela CDL, apenas o de drogarias e cosméticos e o de artigos diversos tiveram aumento nas vendas de janeiro a julho. Enquanto o comércio da capital acumulou retração de 1,67%, o ramo de farmácias e cosméticos conseguiu crescer 0,59%. “Esse setor também inclui a venda dos cosméticos, que têm crescido muito em drogarias, devido à conveniência. Alguém está comprando um remédio e acaba levando um batom ou protetor solar por impulso”, analisa Ana Paula.

Outro setor que conseguiu crescer apesar da crise foi o de artigos diversos, que inclui óticas, artigos esportivos, brinquedos, acessórios em couro. A alta foi de 0,84%. “Nesse caso, o maior responsável pelo aumento nas vendas foi o segmento de artigos esportivos. De certa forma, assim como as óticas, também está ligado à saúde, pois as pessoas ainda têm comprado roupas para ginástica, numa onda mais saudável. Já óculos, ninguém que usa pode ficar sem, mesmo que seja apenas uma troca de lentes”, afirma a economista.


Já os ramos de veículos, supermercados e produtos alimentícios, material de construção, máquinas, papelaria, vestuário, armarinho e calçados não conseguiram escapar da retração, agravada pelo aumento da inflação e dos juros.

Só neste ano já foram abertas 313 farmácias no Brasil, de janeiro a agosto. De acordo com a Abrafarma, a expectativa é de melhora. “Vejo um cenário mais positivo no varejo, com um início de estabilidade econômica, com o fim do período de turbulência política. Abriremos de 8% a 9% de novas lojas”, afirma Mena Barreto, presidente da Abrafarma.

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