Entre Nós
Jaime Porto
Presidente Sinprafarmas
O rompimento da barragem de Brumadinho deve ser investigado como "um crime", afirmou à BBC News Brasil o relator especial das Nações Unidas para Direitos Humanos e Substâncias Tóxicas, Baskut Tuncak. Por enquanto a tragédia soma 305 desaparecidos, 58 mortes.
Isto também é o que acham os brasileiros, fartos de suportar um desastre após o outro, tragédias mais que anunciadas, crimes sem punição. Depois da desgraça consumada, correm os políticos, aqueles mesmos que nada fizeram, batendo no peito, clamando por culpados, como se nada tivessem a ver com isso. Ora, como podem os interessados no lucro das empresas serem os próprios fiscais das empresas de área da mineração?
Em junho, relatores da ONU já haviam expressado ao governo a preocupação com a situação ambiental da mineração no país. Mas o fato é que o Brasil ignora os especialistas ambientais e membros das comunidades, quando trazem a público seu receio sobre o potencial de rompimento de barragens de rejeitos.
O rompimento de Brumadinho ocorre pouco mais de três anos do crime ambiental em Mariana, também em Minas Gerais – acidente que, em novembro de 2015, liberou cerca de 62 milhões de metros cúbicos de rejeitos de mineração na região e deixou 19 mortos, após o rompimento da barragem de Fundão, da mineradora Samarco, da qual a Vale é uma das donas, em conjunto com a BHP Billiton.
A impunidade do crime em Mariana abriu o espaço para este novo crime, resultado de um modelo de mineração inteiramente voltado ao lucro das grandes empresas, com a conivência de parlamentares eleitos com o dinheiro destas empresas, sem o mínimo respeito por trabalhadores e comunidades.
Este é o Brasil que vivemos, um país onde inacreditavelmente ninguém aprende com seus erros, pois não existe punição nem consciência, afinal, nenhum político perdeu lá um parente ou sua moradia.
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