terça-feira, 11 de dezembro de 2007

Ganhos Salariais Satisfatórios!

Nunca, desde o fim do regime militar, tantos trabalhadores conseguiram reajustes salariais tão satisfatórios como os previstos nos acordos fechados neste ano. Mais de 90% dos reajustes negociados foram superiores à inflação e, em mais de 30% dos casos, foram pelo menos dois pontos porcentuais acima da inflação.
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Dados mais completos só serão conhecidos dentro de alguns meses, mas essas informações, antecipadas pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos (Dieese), confirmam o fortalecimento de uma tendência, iniciada há alguns anos, de aumento do número de acordos que asseguram ganhos reais de renda. Em 2003, apenas 41,8% dos acordos entre empregados e empregadores previram reajuste igual ou superior à inflação. Isso significa que, naquele ano, mais da metade dos trabalhadores dos setores mais organizados da economia teve perda de renda em termos reais.
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No ano passado, 95,6% dos acordos previram correção salarial que pelo menos repunha a inflação. Mas a grande maioria dos acordos (86%) fixou correção superior à inflação, isto é, assegurou aumento real de salário. No primeiro semestre de 2007, 90% dos acordos resultaram em ganhos superiores à inflação medida pelo INPC. Na indústria, esse índice sobe para 93%.Esses aumentos reais dos salários não são vistos como fatores de pressão inflacionária. Especialistas em índices de preços não observaram variações notáveis no comportamento dos principais termômetros da inflação nos últimos meses. O que explica esse fato é o crescimento da produção e, sobretudo, da produtividade média da economia.
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De acordo com um trabalho do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), a produção industrial cresceu 4,8% no primeiro semestre e a produtividade da indústria, 3,7%. E os ganhos de produtividade estão sendo apenas parcialmente transferidos para os trabalhadores, pois praticamente nenhum aumento real de rendimento é superior a 3%.
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A melhora do mercado de trabalho está provocando mudanças notáveis. A rotatividade da mão-de-obra, que antes era uma prática utilizada pelas empresas para forçar a redução de salários em períodos de baixa atividade econômica, agora está sendo empregada pelos trabalhadores mais qualificados para obterem aumentos reais. São eles que tomam a iniciativa de sair de um emprego para ganhar mais em outro. Para evitar a fuga de talentos, algumas empresas oferecem aumentos mais generosos para esse tipo de profissional.
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Essa prática está se estendendo para os acordos salariais. Até recentemente, muitos acordos previam reajustes diferenciados para as diferentes faixas salariais, com índices maiores para as faixas mais baixas e, em certos casos, perdas reais para as faixas mais altas. Com o crescimento da economia, aumenta a demanda de mão-de-obra qualificada e deixa de ser necessário aceitar perdas salariais para manter o emprego.Por causa dessa nova realidade, está diminuindo o número de acordos que prevêem reajustes diferenciados para as diferentes faixas salariais. Em 2005, esses acordos correspondiam a 16% do total; neste ano, devem ficar em torno de 10%.
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Também está mudando o foco das discussões entre empregados e empregadores. Nos tempos de inflação alta, o tema praticamente único era o índice de correção salarial. Muito pouca coisa mais interessava. Agora, com a relativa estabilidade dos preços e os ganhos de produtividade que permitem às empresas pagar salários mais altos em termos reais, outros temas estão sendo levados à mesa de negociações e incorporados aos acordos coletivos.
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Para algumas categorias, a participação nos lucros e resultados (PLR) representa importante ganho de renda. Os bancários, por exemplo, fixaram a PLR anual em 80% do salário mensal mais um fixo de R$ 878. Poucas categorias obtêm uma PLR nessas proporções, mas conseguem outras vantagens, como melhora do cardápio do café-da-manhã e da composição da cesta básica, benefícios indiretos e até acordos com dois anos de validade.
Fonte: Força Sindical/Jornal Estado de SP

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