terça-feira, 12 de abril de 2016

Maracutaia institucional

Entre Nós
Jaime Porto
Presidente Sinprafarmas

A corrupção não é novidade. Ela simplesmente instalou-se no Brasil com os primeiros portugueses que aqui chegaram para a colonização. Veja o caso de um certo Pero Borges, famoso em Portugal por ter sido encarregado de construir um aqueduto e embolsar toda a verba do empreendimento. Não chegou a assentar uma única pedra. Apenas ficou com o ouro. Por conta desse caso, Pero foi denunciado e preso, mas em uma manobra bastante simples para qualquer burocrata, negociou devolver metade do dinheiro e veio para as novas terras, com um título equivalente ao de ministro da justiça, na caravela do primeiro governador geral, Tomé de Souza. Na mesma caravela também viajou um nobre fidalgo que aqui se instalou com um cargo oferecido pela coroa; aproveitou e apropriou-se de verba pública para construir um engenho privado. Aliás, dizem as más línguas que foram pelo menos três engenhos.

Daí para os dias de hoje foi elaborada uma longa lista de improbidades praticadas por aqueles que participam do sistema em todos os níveis hierárquicos, provocando escândalos inimagináveis e grandes danos à nação, recheando os noticiários nacionais e internacionais diariamente. Haja vista, por exemplo, a compra de votos contra o impeachment que corre solta no Congresso, neste momento.


É fácil concluir que nosso sistema governamental é perfeitamente funcional para atender todas as artimanhas arquitetadas por seus representantes, com leis frouxas e sem delimitações entre o público e o privado. Para quem tem um cargo público é possível ficar rico rapidamente, sem estudo ou trabalho, acompanhado de muitos amigos que também enriquecem, pois, a corrupção encontrou outro terreno fértil na iniciativa privada.

Esta vocação para a malandragem que o Brasil aprimorou durante séculos, conferiu ao sistema um desvio de caráter que precisa ser corrigido. Moldar o caráter governamental nacional não é tarefa fácil e exige a participação de todos os cidadãos que devem deixar de aceitar passivamente que seus eleitos ou a sociedade não cumpram as leis. Os brasileiros precisam encerrar definitivamente estes últimos 500 anos de maracutaia institucional!

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