Em São Paulo, uma biblioteca sobre duas rodas distribui livros pela maior cidade
do país. Há dois anos, era apenas uma bicicleta. Agora, já são dez.
A
biblioteca que Rafael montou na sua empresa já tinha causado uma pequena
revolução entre os motoboys. “O motoboy agora tem a capacidade de interpretar um
texto de forma correta. Ele vai fazer o serviço, não é só mais um entregador.
Ele analisa o texto que o cliente precisa e tem uma resposta muito mais
rápida.”, afirma o gerente Rafael Bernardes.
O projeto foi crescendo. Os
motoboys leitores rodando pela cidade iam trazendo mais e mais doações dos
clientes. A biblioteca ficou pequena e foi buscar espaço nas ruas com um novo
parceiro: a bibicloteca.
Projeto da ONG do criador da Bicicloteca. Que
usa triciclos para distribuir livros de graça pela cidade. “A gente
acredita realmente que um livro pode mudar uma pessoa e a leitura muda um país,
então é por isso que a gente faz esse trabalho”, explica Lincoln
Paiva.
No horário do almoço, Rafael carrega o baú e segue pra uma esquina
movimentada. No começo, as pessoas ficam meio desconfiadas. “Eu fiquei
com dúvida, vim perguntar. Será que não vai chegar um boleto depois?”, brinca a
analista Juliana Costa. A reação das mais diferentes pessoas diante de
três prateleiras de livros é de encher os olhos. “Eu queria levar todos”,
diz uma mulher
O baú, no meio do caminho, também produz aquele encontro
adiado há tempos. “Que surpresa, Quincas Borba, pensei comigo mesmo e acabei
pegando. Vou levar para casa”, diz o estudante Luigi Innocente.
Quem leva
um, ou vários exemplares, normalmente volta pra colaborar. Uma hora
depois de a bicicloteca parar na esquina, o interesse das pessoas acabou. Isso
por um motivo simples: o baú ficou vazio. E tem sido assim três vezes por
semana. Os 200 livros que Rafael traz desaparecem rapidinho. Ele vai
embora com sua caixa vazia. Se quiser encontrá-lo daqui a dois dias é só seguir
o rastro dos leitores apaixonados.
Brasil que Lê/Jornal Nacional 17/05/13
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